A história do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja, muitas vezes, se confunde e entrelaça, naturalmente, com a própria história da Diocese de Presidente Prudente, principalmente, no seu primórdio.

Assim, a criação do Seminário está vinculada, originalmente, à criação da Diocese, visto que a Bula Papal Cum Venerabilis, de autoria de Sua Santidade o Papa João XXIII, datada de 26 de janeiro de 1960, que criou a nova Diocese desmembrando-a da diocese-mãe, de Assis, continha expressamente em seu texto, como uma das prioridades da nova Diocese, a missão de construir um Seminário Menor para aqueles que desejassem ser preparados para a dignidade sacerdotal.

Com a instalação da nova Diocese aos 02 de julho de 1960, tomando posse como primeiro Bispo Diocesano de Presidente Prudente, Dom José de Aquino Pereira, proveniente da Diocese de Dourados, Mato Grosso, tratou logo de ir preparando o terreno para a construção do Seminário, dada a urgência de se constituir um presbitério genuinamente diocesano, e isto em face do crescimento demográfico da região da Alta Sorocabana e Pontal do Paranapanema, onde se localiza a Diocese Prudentipolitana e em virtude da escassez de padres.

O atual terreno onde se encontra construído o Seminário, à Rua Pe. João Goetz nº 514, Jardim Esplanada em Presidente Prudente, uma área inicial de dez alqueires (24,20 ha), situada na zona suburbana, localizada na Estrada do Limoeiro, s/nº, que fora adquirida pela Mitra Diocesana em maio de 1961, do Sr. João Turato e Dona Elisa Lauro e conforme verificação no Cartório de Registro de Imóveis local, a lavratura da escritura ocorreu no dia 18 de maio e o competente registro aos 09 de setembro de 1961. A partir de então, Dom José de Aquino tratou de viabilizar o projeto de construção do Seminário e a angariar donativos para o início da obra.

Exatamente aos 14 de setembro de 1963, ocasião em que Presidente Prudente comemorava o seu 46º aniversário, em meio à festa, com a presença do clero, autoridades e considerável número de católicos, a Diocese presenteou a cidade com o lançamento da pedra fundamental do Seminário Diocesano. A Diocese tinha pressa! Conforme um noticiário local, ?o ritmo tomado pelo empreendimento foi o de uma torrente. Pela primeira vez, nesta terra em que tudo se adia, viu-se a inversão dos fatores trabalhando no sentido certo. Ali, o espírito caminhou adiante da matéria; a vontade tornou-se granito para esmagar os obstáculos; a função antecipou-se aos meios. Quer dizer: o inacabado concretizou um sonho e superou o tempo, para testemunhar o dedo de Deus nas coisas feitas para servi-Lo? (Jornal Correio da Sorocabana, pág. 18, Pres. Prudente aos 23/03/66).

Assim, pouco mais de dois anos depois, aos 19 de março de 1966, na festa de São José, em meio a um grande júbilo, foi inaugurada a primeira ala do Seminário, com aproximadamente 2.000 m2. Era clamor geral, que não havia empreendimento realizado com miudezas catadas aqui e ali, que em tão pouco tempo e sem a menor propaganda, fosse galardoado de tamanho êxito, levando-se em consideração ainda a constante ausência de Dom José de Aquino, por força de sua participação no Concílio Vaticano II. É de supor-se que um milagre havia sido operado, graças à associação do homem com Deus.

A denominação dada ao Seminário Diocesano decorre do título dado à Maria Santíssima: Nossa Senhora Mãe da Igreja, que é, implicitamente, mencionado na Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II, datada de 23 de novembro de 1964, e, daí há uma Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, intitulada Signum Magnum, consagrada ao culto da Virgem Maria, Mãe da Igreja e Modelo de todas as virtudes.

Os seminaristas da nova diocese que foram, generosamente, acolhidos no Seminário São José da diocese-mãe, de Assis, estavam de volta. Juntaram-se a estes cerca de 25 alunos, os novos candidatos que, naquele ano de 1966, entraram no Seminário, totalizando 52 seminaristas no início, que estudavam do curso ginasial ao curso clássico. Com a grande habilidade do bispo, Dom José de Aquino Pereira, e com o zelo do Reitor Pe. João Goetz fora formado o corpo docente do Seminário que, diligente e gratuitamente, passou a exercer o seu múnus, nesse estabelecimento de ensino específico; isto virou tradição que, salutarmente até hoje continua e de maneira muito mais enraizada. Nasceu assim, o Seminário, com a finalidade jurídica destinada ao ensino em vários graus e orientação vocacional da juventude, em caráter especial para o sacerdócio católico e em geral para as demais carreiras, sem objetivos de lucro.

Ainda relativamente ao início, a vida no Seminário tinha características rurais, com a presença de pequeno rebanho bovino leiteiro, suíno, galináceo e horticultura, fogão à lenha, que tornavam o Seminário quase que autossuficiente na cozinha.

Neste momento ocorreu, também, o surgimento de movimentos juvenis no Seminário que seriam base para o trabalho pastoral dos seminaristas, tais como: Comunidade dos Garotos Cristãos ? CGC, Comunidade dos Jovens Cristãos ? CJC e Grupo dos Escoteiros São Jorge ? GESJ e, posteriormente, em 1969, os dois primeiros foram englobados pelo Grupo de Escoteiros que, por certa indisposição com a União dos Escoteiros do Brasil ? UEB, passou a denominar-se escudeiros.

O ensino de 2º Grau no Seminário, a partir de 1979, foi reconhecido com o nome e conteúdo de Curso de Técnico, Tradutor e Intérprete, o que, no momento, correspondia melhor à formação preparatória para os cursos superiores de Filosofia e Teologia e, isso perdurou até o reconhecimento oficial do ensino de 1º e 2º graus do Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja, quando ocorreu a homologação pela Secretaria de Estado da Educação, por meio da Coordenadoria de Ensino do Interior ? CEI, aos 15 de maio de 1986.

A partir do ano de 1981, a título de cooperação com dioceses irmãs, começou-se a acolher, no Seminário Diocesano, os vocacionados da Arquidiocese de Campo Grande e de outras Dioceses do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que pediram arrimo. Esta aliança perdurou até meados de 2000, quando, em decorrência do aumento de vocacionados, algumas casas formativas para maiores foram abertas na região centro-oeste, tais como: Instituto Cristo Rei, em Cuiabá, Seminário Maria Mãe da Igreja, em Campo Grande e Seminário Diocesano Cristo Rei, em Coxim.

O curso Propedêutico, que possui grade curricular específica, inclusive com coordenação pedagógica própria, teve início em 1979 e corresponde àquela fase intermediária entre o Seminário Menor e o Seminário Maior e prepara, principalmente, aqueles que entram no Seminário Maior sem ter feito nele o Ensino Médio. A partir de 1990, o Propedêutico deste Seminário passou a ser realizado em dois anos para aqueles que não tinham cursado o Seminário Menor e de um ano para aqueles que haviam nele cursado o Ensino Médio; não tem cunho oficial, sendo de índole interna direcionada à preparação específica para a formação sacerdotal e reforço cultural.

A verdade é que a vida saudável no Seminário se apoia em um clima natural e comum de oração, estudo e trabalho, marcada também pelo lazer, que, não só pontua o espírito de coleguismo, mas, sobretudo, o espírito fraterno de cooperação e solidariedade; tudo isso motivado e temperado pela fé. Um sinal marcante na vida no Seminário é o estudo sério e organizado.

A área do terreno na qual se encontra o Seminário Diocesano, após alguns desmembramentos, possui atualmente 58.422,48 m2. A edificação do Seminário possui hoje, aproximadamente, 4.042 m2, sendo parte de amplo complexo de edificações da Mitra Diocesana, que totaliza em torno de 12.000 m2. No que concerne ao prédio do Seminário, dispõe de uma extensa área física, construída em dois pavimentos, onde funcionam todas as dependências, como: salas de aulas, capela, secretaria, biblioteca, dormitórios, refeitório, cozinha, lavanderia, espaço de convivência, sala de reuniões e atendimento ao público etc. Além das dependências do Seminário Diocesano, o complexo da Mitra Diocesana abrange os prédios da igreja e salão paroquial, secretaria e centro catequético, residência dos padres, casa de hóspedes e churrasqueira, casa do caseiro, Rádio Onda Viva, Cúria Diocesana e Centro Diocesano de Formação, e ainda as áreas de estacionamentos, quadra de esportes, campo de futebol, horta e áreas verdes.

Nestes 50 anos de existência, o Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja, com a graça de Deus, colocou bases sólidas no que tange à formação dos padres. A estatística contabiliza até o momento os seguintes números: 61 padres para a própria Diocese, 21 padres para Dioceses-irmãs e oito padres para Institutos Religiosos. São totalizados até o momento 90 (noventa) padres que em sua fase formativa estudaram neste Seminário Diocesano; isto representa a formação de 1,8 padre por ano.  Não deve ser olvidado que alguns padres já foram chamados para o reino eterno e um número bem reduzido laicizou-se.

Nesse meio século, aproximadamente 1050 jovens estudaram neste Seminário. O total de ordenados presbíteros representa 9% dos seminaristas, o que, indubitavelmente, pode ser considerado um percentual excepcional, quando os relatos e os registros específicos dão conta que apenas 3,5% dos seminaristas perseveram e chegam ao sacerdócio.

Nesta região, certamente, o número de padres diocesanos suplantou em muito o crescimento demográfico.  Isto, certamente, se deve à ação missionária de evangelização de devotados e abnegados religiosos que para esta região vieram a partir da primeira metade do século XX, e os que atualmente servem à Diocese, fazendo que a Comunidade Católica seja generosa e fecunda na questão das vocações sacerdotais.

Ainda deve-se destacar que a enorme maioria daqueles seminaristas que não chegaram ao ministério sacerdotal, se tornou cidadãos bem sucedidos em suas vidas, no mundo do trabalho e das relações humanas: advogados, desembargadores, médicos, professores, engenheiros, empresários, militares e bons cristãos e bons pais de família. Cidadãos conscientes de seus direitos e principalmente de seus deveres para com a sociedade e para com Deus.

Hodiernamente é impossível pensar na Diocese de Presidente Prudente sem o seu Seminário Diocesano, acolhendo e preparando os que decidem atender ao chamamento divino: Deus não chama os capacitados, mas capacita aos que Ele chama.

Agradecimentos a Deus e a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que o Seminário Diocesano chegasse a essa efeméride ? o Jubileu de Ouro, com o rosto pelo qual, no ano de 2016 contemplamos.

?Enviai, Senhor, operários para a vossa messe!?
Chama-me e me envia, Senhor!