A pastoral vocacional tem por objetivos: despertar para a vocação humana, cristã e eclesial; discernir os sinais indicadores do chamado de Deus; cultivar os germes de vocação e acompanhar o processo de opção vocacional consciente e livre. Deve dar ênfase às vocações de especial consagração e, entre elas, particularmente, à vocação ao presbiterato.

A Pastoral Vocacional exige ser assumida com um novo, vigoroso e mais decidido compromisso por parte de todos os membros da Igreja, na consciência de que ela não é um elemento secundário ou acessório, nem um movimento isolado ou setorial, quase uma simples parte, ainda que relevante, da pastoral global da Igreja. É com esse sentimento que o episcopado brasileiro vem, ao longo dos últimos anos, promovendo a dimensão orgânica da Pastoral Vocacional na Igreja.

A Igreja Local e, quanto possível, cada Paróquia, criem Equipes de Pastoral Vocacional para animar e coordenar a promoção das vocações em todas as dimensões pastorais da vida cristã e ofereçam orientação e acompanhamento aos vocacionados.

A vocação é condição para assumir o ministério presbiteral. Isto significa que ninguém pode arrogar-se o direito de escolher o ministério de presbítero, com base unicamente em suas aspirações. A avaliação da autêntica vocação deve levar em consideração as aptidões objetivas do candidato, a livre determinação da vontade na opção vocacional e a motivação desta. É dever da comunidade cristã discernir o chamado de Deus. Responsável último por este processo de discernimento, de que toda a Igreja e especialmente o presbitério participam, é o bispo próprio do candidato.

A vocação sacerdotal é um dom de Deus, que constitui certamente um grande bem para aquele que é o seu primeiro destinatário. Mas é também um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão. É dever da Igreja, portanto, assumir a sua missão geradora e educadora de vocações. Sendo um problema vital que se coloca no próprio coração da Igreja, a preocupação com as vocações sacerdotais deve estar no centro do amor de cada cristão pela Igreja. Cada um, no âmbito de sua responsabilidade, deverá transformar essa preocupação em formas concretas de ação.

A primeira responsabilidade da pastoral orientada para as vocações sacerdotais é do bispo. A ele cabe zelar para que a pastoral vocacional tenha o destaque necessário no âmbito de sua diocese.

Aos presbíteros, de modo especial aos párocos, cabe cuidar por si, ou por meio de outros, para que cada fiel seja levado, no Espírito Santo, a cultivar a própria vocação. Extremamente eficaz e com provado ao longo dos tempos, o testemunho presbiteral é uma das fontes mais fecundas das novas vocações para a Igreja. Pela sua fidelidade radical no seguimento de Jesus, aponta o caminho presbiteral como uma opção realizadora, através da cruz e da alegria pascal, a todos os jovens. Lembrem-se também os presbíteros que é obrigação deles apoiar eficazmente o trabalho dos outros agentes de pastoral vocacional.

Uma responsabilidade particularíssima está confiada à família cristã que, em virtude do sacramento do matrimônio, participa, de modo próprio e original, na missão educativa da Igreja mestra e mãe. As famílias devem ser orientadas e incentivadas a educarem os filhos para uma vida cristã séria. Cultivando os valores autênticos da vida cristã, a família estará abrindo espaços para que seus filhos confrontem seus ideais com o chamado de Jesus. É necessário que os movimentos cristãos ligados à família sejam abertos e solícitos para com a Pastoral Vocacional. Os grupos e movimentos de jovens ligados às comunidades cristãs, sem abandonar o horizonte amplo das vocações para os vários ministérios da Igreja, precisam se colocar, com coragem, frente à proposta do seguimento radical de Jesus, através do ministério presbiteral ou da vida consagrada. Nesse campo, tem se mostrado oportuna e eficaz a articulação da Pastoral Vocacional com a pastoral da juventude, da catequese, da crisma e com os grupos de coroinhas.

As escolas e os educadores católicos devem ajudar os jovens não só a descobrir e desenvolver aptidões e interesses pessoais, mas a se abrirem aos apelos de Deus e às necessidades do mundo e da Igreja. A escola é chamada a viver a sua identidade de comunidade educadora com uma proposta cultural também capaz de irradiar luz sobre a dimensão vocacional. Sobretudo as escolas católicas deveriam ter um serviço de orientação vocacional, visando a iluminar as opções dos jovens.

As pequenas comunidades ou CEBs, onde mais intensamente se renova a experiência da comunhão fraterna e do serviço no mundo, vêm se firmando como um ambiente propício para a gestação de uma Igreja toda ministerial. No despertar, discernir e acompanhar vocações presbiterais, religiosas e de novas formas de vida consagrada, estas comunidades expressarão de modo significativo a sua eclesialidade.

Os diversos grupos, movimentos e associações de fiéis leigos, que o Espírito Santo faz surgir e crescer na Igreja, em ordem a uma presença cristã missionária no mundo, vêm se revelando como um campo fértil para a manifestação de vocações consagradas, verdadeiros e próprios lugares de proposta e de crescimento vocacional. Faz-se necessário evitar uma orientação unilateral dos candidatos a serviço de um movimento e acentuar a importância da dimensão da comunhão com toda a Igreja e com a Igreja Local.

Os seminaristas, uma vez que atenderam ao chamado de Jesus e se encontram no processo de formação presbiteral, serão, através de seu testemunho sincero e alegre, promotores naturais de novas vocações. Sua coerência e seriedade em abraçar a própria vocação apontarão uma opção de vida para os demais jovens.

No itinerário do serviço à vocação presbiteral ? despertar, discernir, desenvolver e acompanhar a vocação ?, Pastoral Vocacional deverá ter metas claras para cada etapa. Já a criança pode intuir e desejar um projeto de vida dedicada ao serviço de Deus. A adolescência é o momento privilegiado dos primeiros passos para a elaboração do projeto ou opção de vida. Esta opção, muitas vezes, vem sendo adiada para o tempo da juventude ou mesmo para o início da fase adulta. Há casos, e não são raros, em que o chamado ao ministério presbiteral é percebido mais tarde. Que o trabalho pedagógico se estenda desde a fase inicial até às etapas mais adiantadas da formação.

Uma atenção particular deve ser dada às vocações provenientes de famílias mais carentes de recursos materiais, forçadas muito cedo a tirarem os filhos da escola, ou até impossibilitadas de garantir aos filhos um mínimo de instrução. É preciso que as dioceses procurem os meios para evitar esta discriminação precoce, que afasta do ministério os mais pobres. É necessária, também, uma atenção diferenciada aos problemas específicos do meio urbano e aos do meio rural, onde as vocações são mais numerosas, mas encontram maiores dificuldades quanto à formação. Atenção especial seja dada também à pastoral vocacional nos meios estudantis e universitários. Deve se levar o povo cristão a se interessar pelos seminários e colaborar com sua sustentação. Quando possível, solicite-se a ajuda financeira da família do seminarista.

Cada vocacionado tem sua especificidade, que deve ser respeitada. O Papa e o Episcopado latino-americano, em Santo Domingo, nos alertaram de maneira contundente, para a dimensão da inculturação no processo de evangelização e a formação de vocações indígenas e afro-americanas.Também as vocações adultas exigem uma atenção especial. São novos desafios cobrando novos métodos.

Deus distribui seus dons com liberdade e as necessidades da Igreja exigem o cultivo multiforme das vocações. O clero secular seja respeitado em sua especificidade, e promovido também onde a organização pastoral é confiada a religiosos. De outro lado, ainda, as vocações religiosas sejam estimuladas pelos pastores, que devem sustentar a vida pluriforme do Povo de Deus.

A messe é grande e os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe. (Mt 9, 37s)