O que é vocação?

Vocação! Antes de mais nada, qual é o significado de tal palavra?

Vocação tem a ver com a palavra voz, que vem do verbo latino voco, are, isto é, chamar. Significa, pois, apelo, chamamento. A própria palavra já sugere algo ou alguém que nos convoca e nos provoca. Desafio e interpelação e, portanto, opção, resposta e caminho.


O que não é vocação?

a)    Não é sentimento;
b)    Não é profissão;
c)     Não é só para alguns;
d)    Não é predestinação.


O que é então ser chamado?

Níveis e passos do chamamento

1. Chamados à vida humana: a ser homens:

a)    1º passo: chamados à vida;
b)    2º passo: chamados a ser pessoas;
c)     3º passo: chamados ao crescimento: à perfeição;
d)    4º passo: chamados à comunhão e ao serviço.

2. Chamados à dimensão religiosa da vida: um corpo, uma missão

a)    Chamados à vida cristã: a ser cristão: pessoas em Cristo, no Espírito.; b)    A vocação batismal; c)     Chamados a ser cristãos de modo próprio, segundo o Espírito, na Igreja; d)    As vocações específicas.

Vocações: revelações das dimensões de Cristo:

a)    Ao sacramento do matrimônio;
b)    Ao sacramento da ordem;
c)     À vida consagrada (e as suas variadas formas);
d)    À vida laical (e os leigos consagrados)


Chamado de Deus na Igreja

Desde suas origens apostólicas, a Igreja sempre entendeu que os diversos ministérios eclesiais devem ser confiados àqueles que Deus escolheu e chamou. De outro lado, os Apóstolos e seus sucessores se consideraram sempre na obrigação de organizar o ministério na Igreja, com a participação da comunidade conforme as necessidades concretas de que vinham tomando consciência.

Em outras palavras, pode e deve-se falar de uma vocação ao ministério, entendida como chamado de Deus que se exprime de dois modos distintos e convergentes: um interior, o da graça, o do Espírito Santo...; e o outro exterior, humano, sensível, social, jurídico, concreto, o do ministro qualificado, o do Apóstolo, o da hierarquia.


Dimensão dialogal da vocação

Faz parte da convicção da Igreja, desde o Novo Testamento até hoje, que Deus não deixa sua casa sem administradores, seu rebanho sem pastor, sua Igreja sem ministros. Deus não prescinde contudo da participação de nossa liberdade, que pode confirmar ou frustrar o plano de Deus.

Por sua própria natureza a vocação é dialogal. É um apelo, em que Deus oferece sua graça e procura suscitar uma resposta. Quem é chamado não perde sua liberdade, mas de certo modo com sua participação pessoal configura a própria vocação, pela mediação de sua experiência de fé e de sua capacidade de discernir, junto da comunidade eclesial, as formas concretas que deve assumir sua missão de serviço à Igreja e à História dos homens.

Por isso, a vocação é um dom que não só a pessoa, mas toda a comunidade deve buscar no diálogo com Deus, na oração, como ensinou Jesus. É um dom que não só precisa ser acolhido, mas também desenvolvido.

A acolhida do chamado de Deus e o desenvolvimento das aptidões dos vocacionados exige atenta disponibilidade e generoso empenho de toda a Igreja: bispos, padres, comunidades paroquiais e de base, famílias, jovens...


A vocação cristã e vocações específicas

A palavra vocação é usada, hoje, não só para indicar o chamado a uma função especial na Igreja, a vocação ao ministério sacerdotal ou a um particular estado de vida, vocação religiosa. Emprega-se também para designar avocação cristã comum de todo batizado.

O Novo Testamento indica os cristãos simplesmente como os  chamados, isto é, vocacionados. O próprio nome da Igreja significa convocação. O Concílio Vaticano II revalorizou a vocação cristã comum.

Eis alguns traços:

-       A  vocação  cristã  é  vocação  à  santidade;
-       A perfeição da caridade;
-       A   vocação  cristã  é  vocação  à  comunhão  com  Deus;
-       A vocação cristã é vocação à comunhão fraterna dos homens em Cristo;
-       A vocação cristã é vocação ao apostolado, participação na missão salvífica da Igreja.

Esta vocação cristã comum é, por assim dizer, a base de toda vocação especial. Não se pode conceber uma vocação cristã específica que não tenha como fundamento e como primeiro impulso a vocação cristã comum.

A vocação religiosa é uma radicalização da vocação cristã e, por isso, constitui também um sinal que pode e deve atrair eficazmente todos os membros da Igreja para o cumprimento dedicado dos deveres impostos pela vocação cristã.

A vocação sacerdotal ou o ministério hierárquico acrescentam um título especial à vocação universal à santidade, que os vocacionados receberam com a graça do Batismo. Mas a vocação ao sacerdócio ministerial não enfraquece, antes reforça a fraternidade que une bispos e padres a todos os fiéis, a cujo serviço são chamados. A vocação ministerial exalta, santifica e serve à vocação cristã comum.

Essa conexão profunda, entre vocação cristã comum e vocações específicas, fundamenta uma primeira diretriz básica da Pastoral Vocacional; para promover as vocações ao ministério e às diversas formas de consagração religiosa, deve-se, antes de tudo, intensificar a vida cristã.